Inauguração: 1885
Uso atual: mercado, sem trilhos
Histórico da Linha: Em 1616, quando
Francisco Caldeira Castelo Branco aportou em Belém, já lá encontrou
comerciantes batavos e ingleses. Com a cidade já estabelecida, açorianos
também ali se instalaram e com isso outros núcleos foram surgindo, como
Souza do Caeté, a futura Bragança. Para prover o abastecimento da
região, já existia a cidade de São Luiz, no Maranhão, mas as
comunicações por mar, por terra e por via fluvial eram difíceis. Ao
longo do caminho, formaram-se pequenos povoados, como Castanhal,
Igarapé-Açu, Timboteua e Capanema. Somente no último quarto do século 19
é que o Governo Provincial resolveu-se pela construção de uma estrada
de ferro na região, quando esta já tinha produção agrícola razoável, mas
uma imensa dificuldade de escoamento. A ferrovia deveria ligar Belem a
São Luiz. Em 1870 já havia negociações nesse sentido. Após várias
demoras e desistências, a obra começou em meados de 1883. Em 24 de junho
de 1884 foi inaugurado o trecho inicial até a colônia de Benevides e em
1885, a Apeú. O trecho seguinte até Jambu-Açu, a 105 km de Belém, foi
completado em 1897. Até 1907, a ferrovia avançou mais 31 km e em 1908
chegou a Bragança, seu objetivo mais importante: a essa altura, São Luiz
era já um sonho numa estrada que não atingia 300 km de extensão. A
ferrovia, sempre deficitária, tentou-se arrendar em 1900, mas, como o
desenvolvimento na região por ela percorrida compensava os prejuízos,
resolveu-se por um empréstimo externo no valor de 650 mil libras
esterlinas. Finalmente, em 1923, a ferrovia foi repassada para a União e
o Estado tornou-se seu arrendatário até 1936. A partir daí, passou de
vez para administração federal. Em 1965, em péssimas condições de
operação, fechou de vez.
A Estação: foi inaugurada como ponta de trilhos em 1885. Nessa época,
com 61 quilômetros de extensão, e ainda longe de ser terminada,
afastou-se o concessionário original da mesma – não foram alcançados os
resultados previstos em matéria de rendimento econômico previstos no
contrato, que também previa por parte do concessionário a colonização
por meio de imigração – e a ferrovia passou a ser administrada pelo
próprio dono, o Governo da Província do Pará, que nomeou um empreiteiro
para continuar a obra. Diante do insucesso da colonização, o próprio
Governo leva e instala, a 7 de setembro de 1886, 108 colonos açorianos,
destinado à colônia Araripe, em Apeú. Porém, levados
pelo trem até o local onde deveria ser instalada a colônia, os colonos
recusam-se a desembarcar, alegando falta absoluta de providências para
alojá-los condignamente. Foram levados então de volta para Belém onde se dispersaram por completo. Com isto, somente oito anos depois se instalou a primeira colônia da região bragantina, a de Benjamin Constant, que, na época, estava bem longe do final dos trilhos.
O Desenvolvimento:
O desenvolvimento do Núcleo de Castanhal começou mesmo a partir do
momento em que o Governo decidiu dar início à execução do tão discutido e
até mesmo desacreditado por alguns homens da Província, Projeto de
construção da ferrovia que ligaria Belém e Bragança, cuja obra conforme a
região passou a ser chamada de Estrada de Ferro de Bragança.
Em 1885, os trilhos chegaram à localidade de Itaqui às
proximidades de Apeú, graças ao incansável trabalho desenvolvido por um
dos heróis, que para essa promissora terra se deslocara como parte
integrante da imigração nordestina, o coronel Antônio de Souza Leal, a quem o Governo confiara o comando de tão importante obra.
Levando-se em consideração alguns dos problemas que afetara a
Província, como por exemplo, a falta de verbas, a epidemia da febre
amarela que se propagava por toda a região, esta última, principalmente,
fez com que o Governo suspendesse por tempo indeterminado a referida
obra. Mesmo assim, sua paralisação não impediu o crescimento do núcleo,
pois tanto o comércio como a sua agricultura, mesmo rude e com toda essa
crise, se desenvolviam aceleradamente isto, a proporção que aumentava o
número de famílias as quais se fixavam na esperança de que os trilhos
chegassem a esse local ou mesmo a conclusão total da estrada. Muitas
dessas famílias, é claro, se refugiaram com medo da doença que se
alastrava para as demais, preferiram correr o grande risco alimentando
as esperanças de dias melhores.
Vila Centenária:
O livro “Castanhal – Um pouco de sua história”, conta que
Apeú (hoje Distrito de Castanhal) foi se colonizando juntamente com o
que seria a sua futura sede municipal. Seu desenvolvimento começou mesmo
pela metade do ano de 1883, quando se iniciou a execução do Projeto de
construção da ferrovia que ligaria Belém à Bragança.
Dois anos depois 1885, os trilhos chegaram na localidade de Itaqui,
às proximidades do então Núcleo de Apeú, totalizando portanto 60
quilômetros. Esse trabalho, aliás, fôra comandado por um dos heróis
nordestinos: o coronel Antonio de Souza Leal, que mais tarde
juntamente com o tenente Alfredo Marques de Oliveira e outros, chegou a
ser grande e respeitado chefe político da terra, como Intendente (cargo
equivalente hoje ao de Prefeito), uma nomeação ou cargo de confiança que
o Governo outorgava somente àqueles que prestavam relevantes serviços à
comunidade.
A origem do Nome:
Segundo o pesquisador Luiz Fernandes, idealizador do projeto Apehú, o
nome da vila pode ter muitos significados. Mas, para ele, a idéia mais
aceitável é de que das águas de um rio coberto de folhagens amarelas
teria surgido o nome da localidade. “Há ao longo do rio Apeú umas
árvores chamadas Corticeiras. Em uma determinada época do ano elas
deixam cair suas folhas no rio e ele fica igual a um tapete amarelo.
Então acreditamos que esse topônimo tupi que já é registrado desde o
século XVIII venha desta designação. Seria Apehú, o ‘caminho do rio
amarelo’”, acredita.
Mas há quem discorde da versão. O escritor, pesquisador e memorialista José Lopes Guimarães, em seu livro “Castanhal – Um pouco de sua história”,
diz que o nome Apehú (escrita original) se originalizou da seguinte
forma: “aqueles que partiam do núcleo de Apeú com seus baús, ao chegarem
no Núcleo Castanhal, eram logo interrogados de onde vinham e como
teriam vindo. Respondiam: ‘lá da outra colônia’. A pé? ‘Sim’. ‘Hú! Como é
longe’”, brinca Guimarães. Ainda segundo ele “isso foi pegando até que
chegou ao ponto dos agrimensores que estavam trabalhando nos
preparativos para o prosseguimento da estrada de ferro transformarem
mesmo em tom de brincadeira, num nome que passou a ser levado a sério,
até nossos dias”. E ainda há quem acredite que o nome Apeú veio mesmo
das iniciais do nome de um antigo morador chamado Antônio Pereira
Urbano, que recebia suas correspondências – via Correios -, com as
iniciais A.P.U
Dúvidas à parte o distrito de Apeú acompanhou o crescimento de
Castanhal e não abriu mão de peculiaridades como o banho de igarapé no
final da tarde e a tradição familiar, que perdura até os tempos atuais,
desde os primeiros habitantes.
(Fontes: José Maria Quadros de Alencar em Blog do Alencar: blogdoalencar.blogspot.com, janeiro de 2008; IBGE: Revista Brasileira de Geografia, julho e setembro de 1961; Guia Geral de Estradas de Ferro do Brasil, 1960; Site Estações Ferroviárias: http://www.estacoesferroviarias.com.br, abril de 2011; Site Prefeitura Municipal de Castanhal: http://www.castanhal.pa.gov.br, abril de 2011)
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