Ecologismo:
crise do modelo de desenvolvimento?
O que fazer com
o desenvolvimento local ou para o local, que tanto problema ambiental
produziu? Aonde inserir a retórica da sustentabilidade ou do
ecologismo? Como desenvolver preservando o ambiente? Serão esses
dois elementos (Desenvolvimento e Sustentabilidade) antagônicos? A
resposta à última questão me parece afirmativa, sendo assim, as
perguntas anteriores perderiam o sentido.
O que se
consolidou sobre a ideia de desenvolvimento está historicamente
amalgamado ao indicador crescimento econômico. O paradigma de uma
sociedade desenvolvida, tal como afirmava Rostow (1971), é uma
sociedade de consumo de massa. A crescente produção de mercadorias
nos conduziu e ainda conduz para um consumo também crescente. Essa
análise feita sobre o capitalismo já era apontada por Rosa
Luxemburg ao analisar a acumulação capitalista, todavia, a partir
de um ponto de vista crítico ao sistema. Segundo Luxemburg (1985,
p.228): “Já que a produção capitalista é consumidora exclusiva
do próprio mais-produto, não há nenhum limite para a acumulação
capitalista”.
Esse modelo de
desenvolvimento sofreu fortes pressões ambientalistas no final dos
anos 1960. O Clube de Roma alertava para os limites do crescimento,
afirmando que o planeta não teria recursos naturais para atender às
crescentes demandas produtivas. Tais preocupações foram objeto de
discussão na Conferência das Nações Unidas em 1972 (Estocolmo),
onde era apontado que um dos causadores dos problemas ambientais era
a miséria e a falta de uso de tecnologias adequadas no terceiro
mundo. Como produto dessas discussões, um novo modelo de
desenvolvimento foi forjado pelo Relatório Brundtland, o
Desenvolvimento Sustentável. Retirava-se do centro da discussão os
rumos da produção capitalista de mercadorias e qualquer referência
ao nome capitalismo.
A luta
ecológica, que surgiu como crítica à sociedade de consumo, passou
a fazer parte dessa. O mundo do pós-guerra era o mundo do fracasso
da humanidade. A sociedade ocidental produziu guerras que mataram
milhões de pessoas. Produziu uma bomba capaz de aniquilar cidades
inteiras. Produziu o genocídio, a violência e a possibilidade de
destruição do planeta, seja por poderio bélico, seja por atividade
industrial. A ameaça ao meio ambiente passava a fazer parte do
discurso que questionava a sociedade ocidental e seus valores. O
Ecologismo foi engolido e adequado para não se mexer no processo
produtivo. O Desenvolvimento Sustentável era a resposta para
continuar produzindo e salvar o planeta, ao menos em teoria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário