IBGE: gestão ambiental é mais
política que profissional
A pesquisa Perfil dos Estados Brasileiros, do
IBGE, detectou que, apesar de todos os secretários ou gestores da
área ambiental terem curso superior completo, muitos deles não tem
a menor ligação com a área. Sequer um curso de especialização.
Sugerindo, de acordo com a pesquisa, que nesses casos os cargos são
ocupados por indicação política e não por conhecimento da área.
Entre as profissões encontradas na pesquisa, existem biólogos,
agrônomos e engenheiros, mas também médicos, advogados,
veterinários, sociólogo, jornalista e até um professor de
história.
Dos 27 pesquisados, 10 têm mestrado e cinco têm
MBA ou especialização na pasta. A idade média dos gestores
ambientais é de 51 anos e participação feminina ainda é pequena.
Apenas cinco dos 27 secretários ou afins eram mulheres, sendo três
na região Norte: Rondônia, Amazonas e Roraima. Fora disso, apenas
Paraíba e Espírito Santo tinham mulheres na gestão ambiental.
Outro alerta que se faz na questão ambiental é
que, pela falta de recursos destinados ao tema, alguns Estados
contratam serviços de terceiros para funções como fiscalização,
monitoramento e outras atividades ligadas ao meio ambiente por um
período de tempo. Alerta maior ao saber que dos nove Estados que
lançam mão desse artifício, três ficam na região amazônica
(Rondônia, Acre e Pará) e outras três na região Sudeste (Rio de
Janeiro, São Paulo e Minas Gerais).
Ainda no que se refere à gestão ambiental,
apesar de as 27 unidades da federação terem conselhos de meio
ambiente para auxiliar na defesa, preservação e recuperação, três
(Rio Grande do Norte, Alagoas e Mato Grosso do Sul) não têm fundos
estaduais que possam arrecadar recursos para a área. E das 24 que o
possuem, três não financiaram qualquer atividade ou projeto voltado
para a área em 2013: Ceará, Sergipe e Distrito Federal. Das ações
financiadas pelo fundo, as principais foram monitoramento ambiental,
projetos de educação ambiental, proteção de recursos hídricos,
preservação da biodiversidade e recuperação de áreas degradadas.
Os Estados dão pouca importância também à
parceria com os municípios na questão ambiental. No Nordeste,
apenas 45 dos 1794 municípios receberam algum tipo de recurso para o
tema, chegando a apenas 2,5% do total. No Sul, 55 dos 1188 municípios
foram incluídos em algum projeto. O número cresce no Sudeste com
9,8% dos municípios, chega a 14,4% no Centro-Oeste, e 15,8% no
Norte.
O Espírito Santo foi o Estado que melhor
aproveitou essa parceria, atingindo 60 dos 78 municípios. O Rio de
Janeiro alcançou 42 dos 92 municípios, e o Pará com 48 dos 143
municípios. Em Estados como Minas Gerais e Paraíba, a parceria
praticamente não existe. Em Minas, alcançou 7 dos 853 municípios
(0,8%), e na Paraíba, 2 dos 223 (0,9%).
ICMS ecológico – Nesta
parceria está incluído também o chamado ICMS ecológico, mecanismo
que possibilita aos governos estaduais critérios ambientais para
repasse de até 25% do que devem aos municípios, desde que estes se
enquadrem em parâmetros de dimensões ambientais. De todos as
unidades consultadas pelo IBGE, 14 possuem a legislação e apenas
três (Pará, Piauí e Goiás) não fizeram qualquer tipo de repasse
aos municípios. Dos 11 Estados que repassaram verbas, 10 utilizaram
como critério principal a presença de unidades de conservação, em
90,9% dos casos.
14 / 03 / 2014 - (Fonte: Terra)
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